1516-2016. Uma data de ouro para a Santa Casa da Misericórdia de Viseu que assinala, este ano, 500 anos de existência. Um vasto programa está já a ser preparado pela provedoria para assinalar o “intenso trabalho” desenvolvido ao longo dos séculos, particularmente junto dos estratos sociais mais desfavorecidos, com ênfase e carinho especiais para as entidades e pessoas que estiveram por detrás de muitos dos seus sucessos. E que fizeram dela uma referência nacional no universo das Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSS).
Adelino Costa, provedor da SCMV, faz questão de sublinhar que as comemorações que começam já este mês e se prolongam até ao final do ano, não serão mais uma festa para consumo interno, antes, “uma forma de homenagear todos aqueles que ao longo destes 500 anos conseguiram que a Santa Casa tivesse a projecção que tem hoje, que apoiasse as pessoas que foi apoiando ao longo dos tempos, e chega a uma altura como esta com o património que tem”.
Apesar do tempo de festa que se avizinha, marcado por homenagens, actividades culturais e visitas a equipamentos que pertencem ao arco da instituição, Adelino Costa não cala alguma mágoa e até indignação pela forma como a Instituição que dirige tem vindo a ser tratada nos últimos tempos. “A Santa Casa passa muito despercebida, mas não está parada. Felizmente. Vai continuando a ser apoio a quem precisa de uma forma silenciosa”.
O provedor lembra, ainda, que a Santa Casa é muito mais do que um lar, residência e infantários, apoiando pessoas em muitas outras áreas. E deixa o alerta: “A Santa Casa não quer e não pode substituir-se ao Estado e a outras instituições que têm obrigações na área social, mas sabe-se que, quando é para actuação imediata, essas instituições demoram sempre um bocado e as pessoas que estiverem com fome, morrem de fome”, sublinhou Adelino Costa.
PROGRAMA EVOCATIVO
Os cinco séculos de actividade de uma das mais notáveis Misericórdias portuguesas, vão ser assinalados durante todo o ano de 2016. E começam já no final deste mês (30 de Janeiro) com a conferência «Misericórdias», a cargo do investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, José Manuel Sobral, a realizar no Salão Nobre da SCMV. Ainda neste arranque comemorativo, será apresentada a Medalha Comemorativa dos 500 anos da Instituição. O dia termina com um concerto de órgão, por António Mota, na Igreja da Misericórdia.
Seguem-se o Encontro de Coros de Viseu (16 de Abril); um Colóquio sobre Acção Social e Concerto da Orquestra Gulbenkian, numa parceria com o Teatro Viriato (6 de Maio); Dia dos Museus a assinalar pela inauguração de uma exposição comemorativo do aniversário no Museu Tesouro da Misericórdia (18 de Maio); comemorações conjuntas dos 500 anos da SCMV e da Diocese de Viseu e os 100 anos do Museu Grão Vasco (16 de Julho); Dia do Património das Misericórdias (26 de Setembro); Colóquio que assinala a homenagem ao engenheiro Manuel Engrácia Carrilho no centenário do seu nascimento (27 de Setembro); Dia da Misericórdia e comemoração dos 40 anos da União das Misericórdias Portuguesas (27 de Novembro); e encerramento do ciclo comemorativo com a apresentação do livro do V Centenário (10 de Dezembro).
“Tentamos fazer realizações com dignidade, mas com custos reduzidos. Não há aqui nada de supérfluo, fundamentalmente em termos de custos”, garante o provedor da SCMV. O responsável sublinha que outras actividades acontecerão ao longo do ano, entre as quais uma sessão de agradecimento a todos os beneméritos que ao longo dos anos doaram bens à Instituição, e dessa forma a ajudaram a crescer na acção social que desenvolve.