Viseu no epicentro da luta contra as portagens

Janeiro 14, 2013 | Região

A Comissão de Utentes das A23, A24 e A25, quer o país inteiro a protestar, em uníssono, contra o pagamento de portagens nas autoestradas ex-scut (sem custos para o utilizador). Decidiu, por isso, lançar em Viseu, durante o Fórum «Defender o Interior.Pôr Fim às Portagens», um dia de luta nacional contra o que classifica de “autêntico negócio da china para os accionistas das empresas concessionárias. Os mesmos do costume”, denuncia o porta-voz, Francisco Almeida.

O mote para a jornada de protesto nacional, a agendar “para breve” e com acções de luta que “poderão ser diferentes em cada região”, ganhou força quando Gualter Mirandez, presidente da Associação dos Comerciantes de Viseu – um dos distritos mais penalizados com a introdução de portagens nas ex-scut -, concluiu que “é chegada a altura de sairmos da zona de conforto e de agirmos como um todo”. O dirigente criticou, naquele Fórum, a “má imagem” que a região (atravessada pelas A24 e A25) dá aos turistas que a visitam, neste caso também com a consequente perda de clientes para o comércio tradicional”.

Perante a “teimosia” do Governo em continuar a invocar o princípio do utilizador/pagador para justificar a introdução de portagens nas ex-scut, Francisco Almeida contrapõe que esse mesmo princípio deve continuar também a ser “firmemente combatido, a não ser que alguém queira aplicá-lo a toda a vida nacional, reduzindo assim o papel do Estado a coisa nenhuma”.

Segundo o porta-voz da Comissão de Utentes contra as Portagens nas A23, A24 e A25, estas vias servem regiões cujo poder de compra per-capite fica “muito aquém” da média nacional, dando como exemplos mais gritantes no distrito de Viseu, socorrendo-se de dados divulgados pelo INE, os concelhos de Armamar com 33% e Penalva do Castelo com 39%.

Mas nem só da falta de poder de compra padecem estas regiões. Também em relação ao PIB por habitante, a distância que o separa do valor nacional é enorme, e a justificar por isso, segundo Francisco Almeida, uma discriminação positiva. “Não queremos privilégios. Exigimos, isso sim, que seja tratado de forma diferente o que é realmente diferente”, reitera o porta-voz da Comissão de Utentes, que criticou ainda os políticos destas regiões de falarem “alto para baixo e baixinho para cima”.

Presente no Fórum «Defender o Interior. Pôr Fim às Portagens», o balanço feito por Pedro Polónio, administrador da Patinter – uma das maiores transportadoras do país com sede em Mangualde -, é pouco animador. Segundo o empresário, desde que foram introduzidas as portagens nas ex-scut (8 de Dezembro de 2011), a empresa que em 2010 tinha pago cerca de 15 mil euros em portagens na região norte, e 220 mil no país, viu as contas disparar para os 80 e 750 mil euros, respectivamente, durante o ano de 2012.

“Depois da malfeitoria que foi a introdução das portagens”, o Fórum criticou ainda o fim das isenções para cidadãos e empresas da região, e o facto das vias portajadas ficarem também “muito longe do padrão que permite classificá-los de auto estradas”.

Na proclamação final, aprovada por aclamação e unanimidade, o Fórum «Defender o Interior. Pôr Fim às Portagens” mandatou a Comissão de Utentes contra as Portagens nas A23, A24 e A25, para que encontre “formas de convergência com outras comissões que lutam em defesa do interior e das suas gentes, nomeadamente nas áreas da saúde e da educação”.

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