80 por cento não vai à missa de domingo na diocese de Viseu

Abril 21, 2012 | Região

Um dos deveres dos cidadãos que professam o catolicismo é ir pelo menos uma vez por semana à missa. Durante séculos, o dever cumpriu-se, com as catedrais, igrejas e capelas, algumas bem recônditas e inacessíveis, a abarrotarem de crentes movidos pela fé. Mas também isso mudou. Um estudo recente levado a cabo pela Diocese de Viseu, revela que na última década, o número de fiéis nas missas dominicais reduziu para cerca de 20 por cento.

Mas vamos aos números. Ainda que provisórios, os resultados do estudo efectuado em 195 das 209 paróquias que constituem a Diocese de Viseu e que representam 92 por cento do total da população presente no Censos 2011 (a Diocese regista 238.546 habitantes), mostram que apenas 47.375 católicos (19.9 por cento) foram à missa de domingo.

Comparados os dados do Recenseamento da Prática Dominical de 2001 e tendo presentes as mesmas paróquias, verifica-se um decréscimo de participação de cerca de 9 por cento no período em análise, isto é, passou-se de 28.6 em 2001 para 19,9 por cento em 2011, da população nas celebrações dominicais. Se recuarmos ainda a 1991, para aquilatar da evolução negativa do afluxo de católicos à missa, constata-se que nessa altura a frequência à missa dominical elevava-se a 33,40 por cento da população.

A recolha de dados que viabilizou o estudo teve em conta a idade, o sexo, a pertença ou não à paróquia onde se celebra a Eucaristia. Este inquérito, levado a efeito no âmbito do Sínodo Diocesano que decorre entre 2010 e 2015 na Diocese de Viseu, quer servir de instrumento para alterar o que tiver de ser alterado no processo de evangelização. Por outras palavras, encontrar respostas para a ausência de católicos na missa de domingo e criar condições para que eles regressem.

O Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, numa primeira análise aos resultados provisórios deste estudo, que poderão, a prazo, conduzir mesmo “à reestruturação da Igreja Viseense”, confessa-se preocupado com o facto de em “mais de 95 por cento dos baptizados”, apenas uma minoria celebrar “a sua fé, vivendo o domingo com a Eucaristia”. E interroga-se: “o que fazer quando os restantes 75 por cento pedem o baptismo para os filhos? Quando se apresentam para o Crisma? Quando querem ser padrinhos?
Quando querem casar na Igreja?”, questionou numa das missas que precedeu a Páscoa.

Perante todas estas questões, Ilídio Leandro sustenta que a Igreja não põe dispensar “uma atitude evangelizadora”, que o mesmo é dizer “reflectir, organizar, planear e programar caminhos de fé”. Tudo porque, para o Prelado, a Eucaristia “é um desafio actual”, e não pode ser encarado como “um preceito e uma obrigação a impor a quem não tem e não cria condições para a viver”.
O PAÍS NÃO ESTÁ MELHOR

Esta semana, à margem da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, ficou a saber-se que a redução de crentes nas missas de domingo na Diocese de Viseu, está em linha com o que se passa no resto de um país dito maioritariamente católico. Segundo esta organização, os católicos diminuíram 7,4 por cento, passando de 86,9 por cento da população para 79,5 por cento.

Neste caso, convém salientar que Viseu vai à frente na estratégia de combate à redução de católicos, ao elaborar um estudo pioneiro ao número daqueles que falham um dos preceitos fundamentais da Igreja: ir à missa ao domingo. Um diagnóstico que permitirá desencadear, no âmbito do Sínodo Diocesano em curso, as medidas mais aconselhadas.

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