12 mil utentes desesperam por uma consulta em Viseu

Setembro 5, 2012 | Região

Enquanto os utentes das Unidades de Saúde Familiar (USF) acedem a uma consulta médica com a maior das tranquilidades, os 12 mil que continuam sem médico de família nas Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) da ACES Viseu esperam e desesperam para serem vistos por um médico. Esta situação, que dura há já mais de dois anos, pode mudar em meados de 2013, quando o quadro clínico que serve esta estrutura estiver totalmente preenchido.

Nas cinco USF em funcionamento, raramente se vêem filas para marcação de consultas. Uma sorte bem diferente dos utentes sem médico de família integrados nas duas UCSP (Jugueiros e cidade) que, com um bocado de azar, agravado nos meses de Verão, correm o risco de ir uma, duas, três e mais vezes ao balcão na tentativa de uma consulta que deixou de poder ser marcada por telefone e que terá de ser sempre conseguida para o próprio dia.

“Fui quatro vezes ao antigo Viseu 1 para marcar consulta para o médico que estivesse disponível, e de todas elas fui informada que os poucos clínicos em serviço já tinham as listas de atendimento todas preenchidas. Ainda questionei sobre a possibilidade de ir ao horário do fim do dia, entre as 20 e as 22 horas, mas fiquei a saber que aqui a preferência vai para situações de maior emergência”, disse ao VR Teresa Silva, uma utente que ficou sem médico de família depois da clínica que a assistiu durante vários anos se ter aposentado.

José Carlos Almeida, director executivo do ACES Viseu, reconhece o problema, manifesta-se mesmo “preocupado”, mas explica que a situação estará em vias de ser solucionada com a passagem da UCSP de Viseu para USF (que passará a designar-se Alves Martins) e com a admissão de mais três médicos já no início de Outubro. “O concurso está a decorrer, e brevemente será reforçado o quadro actual que dispõe apenas de dois médicos efectivos e dois contratados”.

O director do ACES Viseu anuncia ainda o lançamento de um outro concurso para admissão de mais três clínicos, prevendo assim que, em meados do próximo ano, a situação fique totalmente normalizada, o que permitirá «devolver» os médicos de famílias aos 12 mil utentes que continuam sem este tipo de resposta.

A situação que desespera todos quantos aguardam por uma consulta, de preferência num médico que não mude de rosto em cada visita feita à unidade de saúde, agravou-se a partir do momento em que se reformaram 14 médicos, para além do recente falecimento do clínico Fernando Santos.

“Apesar de tudo temos encontrado as soluções possíveis para minimizar os inconvenientes causados aos utentes, com a disponibilização, sempre que possível, de médicos de apoio e de consultas de reforço”, acrescenta José Carlos Almeida.

O VR apurou que a situação que se vive na ACES Viseu não é muito diferente, pelo contrário, da que se regista noutros pontos do distrito, nomeadamente na área da ACES Dão Lafões III, que abrange Penalva do Castelo, Mangualde, Nelas, Santa Comba Dão, Carregal e Tondela, onde cerca de 30 mil utentes sofrem também com a falta de médico de família. Neste caso, segundo uma fonte próxima do processo, serão necessários mais de duas dezenas de médicos, para colmatar as necessidades em toda a área da região Dão Lafões.

 

 

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