Museu Nacional Grão Vasco celebra 100 anos com meia centena de eventos

Janeiro 20, 2016 | Cultura

O Museu Nacional Grão Vasco está a comemorar um século de existência (1916-2016). A efeméride, que será assinalada até ao final do ano com meia centena de eventos, junta-se a outras igualmente marcantes para a cidade e para a região – os 500 anos da Dedicação da Sé de Viseu, os 500 anos da Fundação da Santa Casa da Misericórdia de Viseu e os 100 anos da edificação dos Paços do Concelho de Viseu. As celebrações multiplicam-se, com sinergias que prometem recompensas mútuas. E, no caso do Museu Nacional Grão Vasco, que em 2015 contou com cerca de 86 mil visitantes, a comemoração dos 100 anos de existência será também uma forma de piscar o olho a estudiosos, investigadores e visitantes, numa aposta assumida de internacionalização.

“Programámos um conjunto de exposições temporárias, de grande valia histórico/científica e largo alcance mediático, que pretendemos de impacto além-fronteiras”, reconheceu Agostinho Ribeiro, director do Museu Nacional Grão Vasco (MNGV), na apresentação do programa comemorativo que contou com a presença do ministro da Cultura, João Soares. Ponto alto das comemorações, a temporária agendada para 16 de Março: “História do Museu Nacional Grão Vasco”, desde os antecedentes da sua fundação à actualidade. Uma exposição multimédia, que dará a conhecer o percurso histórico da centenária instituição de cultura.

Os encontros científicos irão multiplicar-se. Ao todo, serão 12 conferências, uma por mês, com intervenientes nacionais e internacionais. A primeira será já a 30 de Janeiro e versará o tema “Património e Mecenato Cultural, Conceitos e Práticas em Portugal”. Em Setembro, o destaque vai para o I Colóquio Internacional da Pintura Antiga, coordenado por Dalila Rodrigues, ex-directora do MNGV, e que poderá contar com a presença do escritor Umberto Eco. Edições e publicações comemorativas, eventos festivos – destaque para o Coro do Teatro Nacional de São Carlos, na Sé de Viseu (16 de Março) – e uma multiplicidade de eventos, irão preencher 2016.

As comemorações, organizadas pelo MNGV e a Direcção-Geral do Património Cultural, têm o Município de Viseu como principal “Parceiro Institucional”. O seu presidente, Almeida Henriques, considerou que o ciclo comemorativo “poderá trazer luz e espaço à desejável internacionalização do Museu, no campo científico e dos públicos culturais” e apelou ao ministro da Cultura para “a necessária e mais do que provável reprogramação antecipada do Portugal 2020”. Uma forma de coadjuvar o financiamento de projectos num Município que reserva já 2% do seu orçamento para a Cultura.

Depois de reconhecer Viseu como uma cidade “onde as artes plásticas têm um valor inalienável”, situação que “remonta à velha escola e oficinas renascentistas de mestres como Vasco Fernandes e tantos outros”, o membro do Governo prestou simbólica homenagem a Francisco de Almeida Moreira, primeiro director do agora (desde 2015) Museu Nacional Grão Vasco. E, além de garantir esforço pessoal nesse sentido, apelou à ajuda divina no sentido de conseguir meios para ajudar cidades como Viseu a concluírem os projectos culturais e patrimoniais que têm em mãos.

O Museu Nacional de Grão Vasco é testemunho singular da obra de Vasco Fernandes e da pintura portuguesa de 1.500. Detém, também, um valioso acervo de peças destinadas a práticas litúrgicas, do românico ao barroco, achados de arqueologia, uma colecção importante de pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, e exemplares de faiança portuguesa, porcelana oriental e mobiliário. O Museu, que ao longo dos 100 anos de vida contou com 14 directores, tem hoje 22 peças classificadas como «Tesouro Nacional», 19 das quais da autoria de Vasco Fernandes, um dos ícones de Viseu e figura cimeira da pintura portuguesa na primeira metade do século XVI. Em 2015, registou uma média de 274 visitantes por dia.

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