Jardins Efémeros 2017: a arte e a cultura no combate à globalização

Julho 5, 2017 | Cultura

“Paradoxo” é o tema central da sétima edição de “Jardins Efémeros”. O festival cultural multidisciplinar vai acontecer em Viseu, entre 7 e 16 de Julho, e promete dez dias com mais de 300 actividades distribuídas por áreas como a arquitectura, artes visuais, som, dança, teatro, cinema, pólis, oficinas e mercados. Tudo para neutralizar o paradoxo, explicado pela criadora do evento, Sandra Oliveira, de numa altura da globalização e com todos à distância de um clique, estarmos cada vez mais sós. “Apostamos na arte e cultura como veículo de coesão social e de estarmos uns com os outros”, justificou na apresentação pública do evento.

“Jardins Efémeros” é um projeto singular organizado pela Pausa Possível – Associação Cultural e de Desenvolvimento. Tem um orçamento de 192 mil euros. A Câmara de Viseu apoia financeiramente em 123 mil euros, e garante ainda apoio logístico calculado em mais 12 mil euros. “Não há muitas cidades a acolher um projeto de vanguarda como este em Viseu. Não há nenhum com este contexto internacional e com acesso livre, para aproximar as pessoas à arte contemporânea”sublinha Sandra Oliveira.

São muitas as novidades para a presente edição de Jardins Efémeros que contou, na apresentação, com a presença da vereadora municipal Odete Paiva. O evento, que tem no centro histórico o epicentro das múltiplas manifestações de arte e criatividade, insiste em “potenciar a relação entre os vários agentes que fazem ‘acontecer Viseu’: municípios, artistas, curadores, investigadores, universidades, associações culturais, sociais, de comércio, turísticas, empresas, museus, cidadãos, escolas e mesmo os seus visitantes”, frisa a organização.

A programação, variada, preparada “com todos e para todos”, tem pressupostos teóricos que resultam “na transformação criativa da percepção”da cidade e na sua relação com os diferentes agentes. E pretende ir ao encontro de um público cada vez mais exigente que, segundo a organização, atinge anualmente cerca de 100 mil visitas.

No intuito de chamar a atenção dos diferentes agentes para a necessidade de reabilitar o centro histórico viseense, em termos materiais e humanos, o programa inclui um projecto de intervenção artística nas várias lojas e espaços devolutos da rua Direita.

A Arquitectura é celebrada nesta VII edição de Jardins Efémeros por três peças desenvolvidas pelo arquitecto João Loureiro , com a colaboração de Rafael Gomes, a partir de um dos monumentos naturais da cidade de Viseu – a Tília. “Um tributo à cidade”que será instalada no claustro da Sé, na Igreja da Misericórdia e no Largo Pintor Gata.

Na Praça D. Duarte será instalada a “Peça para Perséfone”, um trabalho de Gabriela Albergaria em taipa, com técnica de construção em terra, que terá sonorização de Pedro Tudela. Esta proposta na área das artes visuais será composta por sons naturais captados no distrito. “Trata-se de uma peça de grande complexidade técnica e que pesa 48 toneladas. No fundo é um diálogo entre natureza e terra, construído num monólito em frente à estátua de D. Duarte, onde por cima será colocada uma oliveira que representa a região: é um diálogo entre a terra e o granito, entre natureza e o poder (rei)”, descreveu Sandra Oliveira.

“Vestido a Rigor” enquadra-se na proposta programática Pólis e consiste num projecto participativo com a comunidade cigana de Paradinha. Estará patente na sala de exposições temporárias do Museu de Grão Vasco. Destaque ainda para o Festival Política, na área do cinema, com duas películas a serem apresentadas pela primeira em em Portugal. O objectivo, diz a organização, é sensibilizar as pessoas para votarem quando há actos eleitorais.

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