«Task Force» em Tondela pela reabertura de extensões de saúde

Fevereiro 4, 2021 | Sociedade

“Inconformado” com o encerramento de três extensões de saúde do concelho de Tondela – Caramulo, S. João do Monte e Lajeosa do Dão -, por falta de assistentes operacionais ou assistentes administrativos, o Município de Tondela assume que “estará na primeira linha das reivindicações” pela reabertura destas unidades. Uma posição que envolve também os respetivos presidentes de junta de freguesia.

Em conferência de imprensa, o presidente da Câmara Municipal de Tondela, José António Jesus, sublinhou “não ser possível” continuar a assistir, no seu concelho, à cíclica fase de encerramento de extensões de saúde, com especial incidência nos últimos tempos. A preocupação, que tem vindo “a subir de tom”, já foi por diversas vezes apresentada aos órgãos de tutela, nomeadamente ao ACES Dão Lafões. E pode, se nada for feito para inverter a situação, chegar à ministra da Saúde através de uma exposição.

“Já não bastavam as preocupações que a pandemia trouxe à vida de todos nós, sobejamente conhecidas, e que inevitavelmente diminuiu o acesso a muitos outros cuidados de saúde (que nada têm a ver com a COVID), para existir esta severa preocupação no âmbito do acesso aos cuidados de saúde”, acrescentou o autarca, preocupado com o facto de a USF de Tondela ficar transformada, “não tarda, na única unidade funcional em todo o concelho”.

A dispersão geográfica do concelho de Tondela, com os seus 371Km2 e com mais de 200 povoações, sendo que algumas distam mais de 40 Km à sede do concelho, a par de uma população envelhecida, mas também as questões inerentes aos problemas de um concelho com forte dimensão empresarial, “aumentam a angústia e a necessidade que seja superada esta situação muito preocupante”.

“É neste quadro que as populações, as Juntas de Freguesia e o Município, lançam este repto, após muita resiliência e esperança, numa clara demonstração de que não é possível manter-se este cenário”, sublinha o presidente da Câmara Municipal de Tondela, que manifesta “total desagrado e inquietação” com aquilo que considera ser “falta de coesão territorial evidente nestas situações”.

“Não abdicaremos do princípio que os territórios do interior ou de baixa densidade têm de ter respostas e recursos que diminuam as assimetrias em relação aos grandes centros! Não é aceitável que neste momento o nosso concelho se depare com o encerramento de três extensões de saúde (a caminho de uma quarta unidade) por falta de assistentes operacionais ou assistentes administrativos”, sustentou José António Jesus.

Considerando que esta problemática se vem a acentuar ao longo do tempo, o Município de Tondela, exorta a tutela a responder a esta situação gritante, sob pena do colapso eminente na resposta de proximidade, em cuidados básicos de assistência médica. Tanto mais, quando os profissionais em falta, são de fácil recrutamento, ou até poderão transitar por mobilidade no quadro da função pública, dado tratarem-se de funções onde há bastantes profissionais disponíveis”, acrescentou o autarca.

José António Jesus revelou que o Município de Tondela está disponível para, num quadro excecional, protocolar a com a tutela a colocação de colaboradores seus, que permitam que todas estas extensões de saúde possam funcionar, até que esteja solucionada a integração de novos colaboradores das estruturas da saúde.

“Se assim não for, não deixaremos de colocar a nossa voz junto dos nossos concidadãos e das respetivas autarquias de freguesia, num quadro solidário e de defesa de um valor consagrado na Constituição da República Portuguesa – o acesso aos cuidados de saúde”, referiu.

O encerramento, em março do ano passado, da extensão do Caramulo, que serve 1.300 pessoas, obriga as populações da União de Freguesia de São João do Monte e Mosteirinho, além de Paranho de Arca e Varzielas (do vizinho concelho de Oliveira de Frades), a deslocar-se a Campo de Besteiros, que dista entre 20 a 25 quilómetros num circuito de ida e volta.

Já o encerramento da extensão de Saúde Familiar de Lajeosa do Dão, que serve uma freguesia caracterizada por uma população idosa, obriga os utentes a deslocarem-se a Canas de Santa Maria, tendo para tal de percorrer, nas duas viagens, cerca de 20Km.

 

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