Num relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), apresentado esta semana, são comparados dados de 2002 e de 2014, que concluem que os adolescentes portugueses são dos mais obesos da Europa. Uma situação em que Portugal só é ultrapassada por países como a Grécia, Macedónia, Eslovénia e Croácia. Os dados divulgados revelam que o esforço que tem vindo a ser desenvolvido para neutralizar o problema, não têm tido grandes resultados entre os mais novos.
Mais preocupante, no que ao país diz respeito, é o facto de Viseu ser a região que apresenta os maiores índices de obesidade infantil em relação à média nacional, através dos quais se constata que 38 por cento dos adolescentes da região têm excesso de peso: 20,2 por cento encontram-se em situação de pré-obesidade e 17,8 por cento em situação de obesidade.
A situação agora revelada pela OMS conclui que os casos mais graves acontecem entre adolescentes do sexo masculino, rapazes à volta dos 11 anos, em que a percentagem de obesidade ultrapassa os 10 por cento. Nas raparigas, por comparação, esse valor cai para os 4 por cento.
As crianças obesas são também as que, por esse facto, correm mais riscos de contrair doenças como a asma, diabetes, dificuldades de sono, doenças cardiovasculares, absentismo escolar e social, e problemas psicológicos. Um em cada três adolescentes com excesso de peso corre sérios riscos, segundo o relatório da OMS, de acentuar estas patologias quando na idade adulta.
A prevalência da obesidade em adolescentes da região de Viseu foi estudada em 2006 num trabalho da autoria de Odete Amaral, Carlos Pereira e Ana Escoval. Estes técnicos, a partir de uma amostra de 7.563 adolescentes, 54,4 por cento dos quais do sexo feminino, concluiu que a prevalência do excesso de peso era superior no sexo oposto. Uma constatação que vai ao encontro do estudo agora revelado pela OMS, que também conclui que a situação é mais grave entre os adolescentes do sexo masculino.
Antecipando medidas preventivas da obesidade infantil, foi lançado em Viseu, em 2016, um projecto nacional de educação e entretenimento para a alimentação saudável. O projecto, designado de «Minuto Azul – Healthy Food on The Radio», foi promovido pelo Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em parceria com o Município de Viseu e com o apoio de outras entidades. E pretextou a presença na Escola Básica de S. Salvador da coordenadora, Isabel de Santiago, e do Diretor Geral de Saúde, Francisco George.
O projecto «Minuto Azul» justificou a realização durante três meses, no ano passado, através de uma rádio nacional, de um programa que reproduziu mensagens – chave no sentido de promover a educação para uma alimentação saudável entre crianças e adolescentes. No concelho de Viseu o projecto atingiu 3.405 crianças do ensino básico. A intenção é alargar esta iniciativa aos concelhos vizinhos e ao resto do país.
O estudo da OMS, agora revelado, aponta para uma redução de consumo de doces e refrigerantes entre os mais novos, o que é considerado um elemento extremamente positivo. Verifica-se, ainda, que o consumo de legumes aumentou 2 por cento nos países do sul da Europa e Mediterrâneo. Outro dado interessante aponta para uma redução do tempo que os jovens passam frente ao computador e do televisor. Um comportamento sedentário que concorre para os dados preocupantes da obesidade entre os mais novos.
A exemplo do que sucede noutros países, em Portugal várias organizações têm vindo a defender a permanência de um nutricionista em todas as escolas.