Viseu resgata património para Unesco ver

Março 2, 2016 | Região

Oito anos. É o tempo que a Câmara de Viseu considera necessário para pôr em marcha o plano de acção “Viseu Património”. Objectivo:  resgatar e reabilitar riquezas materiais e imateriais de uma cidade com 2.500 anos de história e, dessa forma, atingir a sua eventual classificação como Património da Humanidade da UNESCO.

Entre os bens com maior potencial para um eventual reconhecimento estão, segundo o grupo de trabalho constituído para o efeito, “o Conjunto Monumental  originário da cidade que integra a Sé Catedral e o Museu Nacional de Grão Vasco em articulação com o Centro Histórico, a Cava de Viriato e o seu papel na construção da ideia de nacionalidade/definição da independência como reino/país”.

O presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, reconhece que “esta será uma maratona com vários “sprints” dentro. Uma maratona que, mais do que uma classificação, visa converter o rico património da cidade num activo real de desenvolvimento e afirmação social e cultural, económica e turística”. Admite, ainda, que um eventual reconhecimento do património da cidade como Património da Humanidade da Unesco “será sempre a cereja em cima do bolo”. Mas, igualmente importante para o autarca, é criar condições para a sua reabilitação e valorização.

O primeiro “sprint” da longa e complexa maratona já está na estrada: nos próximos 18 meses, até Julho de 2017, há que elaborar a “Carta Patrimonial de Viseu”, fazer o levantamento do edificado do centro urbano antigo, adoptar “boas práticas” de reabilitação sustentável e criar um serviço de apoio aos moradores, proprietários e investidores (no âmbito do Viseu Estaleiro/Escola) através da disponibilização de uma “Linha de Urgência do Património” e de um “serviço de diagnóstico e aconselhamento gratuito”.

O Plano de Acção “Viseu Património” tem coordenação científica de Raimundo Mendes da Silva, Professor da Universidade de Coimbra e especialista em reabilitação de edifícios e salvaguarda de Património. A Universidade de Coimbra e o Instituto Pedro Nunes serão parte activa do projecto e toda a equipa trabalhará em “estreita e franca recuperação” com a Sociedade de Reabilitação Urbana VISEU NOVO e os dirigentes e serviços municipais.

O Município de Viseu elegeu um conjunto de obras a incluir neste plano de acção, que funcionarão como referencial futuro, das quais se destaca a reabilitação de edifícios municipais como o antigo Orfeão de Viseu (rua Direita), a Casa das Bocas (rua João Mendes) e a futura sede das Águas de Viseu (rua Dr. Luís Ferreira/ Travessa de São Domingos).

No dia em que o projecto foi revelado, foram também divulgadas as principais recomendações do grupo de reflexão criado em Abril de 2015 para avaliar as condições de Viseu numa candidatura à “Património da Humanidade” da Unesco. Constituído por diversos especialistas e individualidades, este grupo de reflexão reconhece que Viseu “ainda não alcançou o reconhecimento pleno do valor que possui, havendo um claro potencial não explorado e trabalho para desenvolver”. A respeito de uma eventual classificação futura pela Unesco, o mesmo grupo reconhece que é algo desejável, “mas que a ter lugar constituirá a consequência e o corolário de um processo social mais amplo” ligado à protecção do património cultural de Viseu e à reabilitação do seu centro histórico.

As restantes fases do projeto, que se irá desenvolver nos próximos oito anos, até 2024, incluem a operacionalização da estratégia, a elaboração do dossiê de candidatura à Lista Iniciativa da Unesco,, a execução de medidas adicionais e a preparação do dossiê de classificação na Lista de “Património da Humanidade” da Unesco.

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