Teatro Viriato: Um marco e um exemplo de descentralização cultural

Fevereiro 6, 2019 | Cultura

“Estes 20 anos são um marco que não pode nem deve ser esquecido ou desvalorizado. Pelo modelo que esteve na sua origem, o Teatro Viriato é um caso incomum de descentralização cultural em Portugal”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Viseu, Almeida Henriques, na sessão evocativa que juntou figuras determinantes no processo de renascimento do equipamento cultural, desde a reabertura até aos dias e hoje.

Porque “uma casa com memória é uma casa com futuro”, a sessão homenageou e fez subir ao palco algumas das figuras que estiveram na génese do Centro de Artes e Espectáculos de Viseu (CAEV), entidade detentora do Teatro Viriato. Nomeadamente o ex-Ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, o coreógrafo Paulo Ribeiro, o encenador Ricardo Pais, Paula Garcia, atual diretora-geral do Teatro Viriato, e o jornalista e diretor do jornal Expresso, Pedro Santos Guerreiro, que moderou o prometido debate. José Fernandes, subdirector do Teatro Viriato desde a primeira hora, foi outro dos homenageados.

Para além das homenagens, que incluíram também os antigos presidentes da Câmara, Engrácia Carrilho e Fernando Ruas, a sessão evocativa pretextou também uma reflexão sobre o futuro de um legado que Almeida Henriques assume como “um projeto cultural de sucesso e de referência fora de Lisboa e Porto, e também a nível internacional. Exortou, por isso, a uma reflexão que implique “todos e de forma aberta”. Desde o Município, “enquanto governo local e parceiro e dono deste projecto”, ao Estado Central e ao CAEV, enquanto entidade cultural gestora nestes 20 anos. Mas também à comunidade local e regional, com destaque para a comunidade cultural, educativa e empresarial.

“Se não podemos viver à sombra de um passado, vivamos na expectativa de um futuro que lhe faça (ao Teatro Viriato) justiça e o renove”, reforçou Almeida Henriques, que agradeceu ainda a “todos aqueles que construíram os alicerces desta casa e lhe deram fôlego e projeção”. “O Município está-lhes muito grato e conta também com o seu conhecimento para a reflexão de futuro deste projeto e de outras dinâmicas culturais da cidade”, concluiu o autarca, que anunciou a adjudicação de uma obra que irá aumentar a capacidade da sala de espectáculos.

O programa das comemorações dos 20 anos do Teatro Viriato, ficará marcado pelo regresso de Paulo Ribeiro com a peça »Memórias de Pedra – Tempo Caído», apresentada em 1999, em palco nos dias 5 e 6 de Abril. O encerramento ficará a cargo do encenador Ricardo Pais, com um espectáculo marcado para Janeiro de 2020.

O ex-Ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, criticou duramente o atual Governo, pelos cortes no orçamento de 2019 para o Ministério da Cultura, que baixou para os 500 milhões de euros. É inaceitável que o orçamento da Cultura deste país seja inferior ao orçamento que tive no último ano (2000) em que fui ministro. É inferior em cerca de 10 milhões de euros”, disse o ex-governante

Na mesma mesa redonda, Manuel Maria Carrilho sublinhou que a cultura “é a chave da qualificação de um país” e que a responsabilidade do Estado tem que ser assumida de uma forma contínua. “É um aspecto estruturante das políticas e que tem o condão de qualificar o território”, concluiu.

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