Linho de Várzea de Calde já tem selo de qualidade

Fevereiro 16, 2018 | Cultura

Inovar sem atraiçoar a tradição, é o grande desafio do Linho de Várzea de Calde para o futuro. Tanto maior quanto agora as suas obreiras, mulheres de várias gerações cada vez mais empenhadas em manter esta arte, têm de corresponder às exigências do selo / certificação que garantirá a genuinidade e autenticidade do Linho produzido nesta freguesia do concelho de Viseu.

O Linho de Várzea de Calde, que tem o seu santuário na Casa da Lavoura e Oficina de Linho nesta localidade, vai estar presente, a 1 de Março, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL). Será apresentado, e não é coisa pouca, como um produto único a nível nacional. Não apenas pela forma artesanal como é obtido, a partir do labor de mulheres que partilham esta sabedoria ancestral com as lides agrícolas, mas sobretudo porque é em Viseu que esta actividade cumpre um ciclo completo: desde a sementeira até à toalha de linho que enobrece mesas ou altares de igreja.

No workshop realizado em Calde, o vereador da Cultura da Câmara de Viseu, Jorge Sobrado, fez-se acompanhar por Cristina Rodrigues, autora da peça «O Sudário». Uma famosa peça de linho que, inspirada no «sudário de Turim», representa o manto que cobriu o corpo de Jesus após a sua morte. Esta peça única, que se estreou em Dezembro de 2016 na bienal de arte do Colombo, no Sri Lanka, nasceu do linho artesanal de Várzea de Calde.

A presença de Cristina Rodrigues no Museu de Várzea de Calde – a artista plástica que assina o selo oficial deste linho -, insere-se na política do Município de convidar artistas e criadores para desenvolverem aplicações contemporâneas a partir deste produto artesanal. Foi isso que a artista fez: transmitiu conhecimentos práticos e inovadores sobre a aplicação da marca «Linho Várzea de Calde» nas peças de linho artesanal produzidas na região.

“Não existe qualquer pretensão de o transformar (o linho) num produto industrial”, esclarece Jorge Sobrado, que acredita na capacidade de o linho se desenvolver em novas aplicações, “seja da moda, seja das artes decorativas, num produto de elevada qualidade que faça justiça à sua natureza distintiva”, explicou o autarca.

Com o apoio da Câmara Municipal de Viseu, o Linho Várzea de Calde poderá nos próximos meses / anos aumentar a sua produção que, na actualidade, ronda pouco mais de 100 metros por ano e envolve cerca de duas dezenas de mulheres ligadas à Cooperativa do Linho e ao Grupo Etnográfico de Várzea de Calde. “Cerca de metade destas mulheres são artesãs activas”.

Reinventar e reinterpretar o linho, para aumentar a sua capacidade de produção e atrair mais artesãs, é a partir de agora a palavra de ordem. O Município de Viseu acredita que a presença do Linho de Calde na BTL “colocará o produto nas bocas do mundo”. Na mesma linha, é grande a expectativa em torno da Academia Junior do Linho, um serviço educativo que será lançado este ano e irá acompanhar o ciclo integral do linho.

 

 

 

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