Edificio com história e de gratas recordações para várias gerações de viseenses, a antiga Foto Batalha, na Rua Direita, vai ser remodelada e, posteriormente, transformada em museu e café-concerto pela Câmara Municipal de Viseu, que adquiriu recentemente aquele espaço. Já em fase de inventariação do espólio e do “extenso acervo” ali existente, o antigo estúdio fotográfico guarda ainda antigos álbuns de casamentos, que “serão ofertados a quem reivindicar a sua propriedade”, promete Fernando Ruas, presidente da Autarquia.
“Depois de adquirido, e na primeira visita que fizemos ao interior do espaço, de três pisos, detetámos ali muitas semelhanças com a Livraria Lello, no Porto”, reconheceu aos jornalistas o presidente da Câmara Municipal de Viseu, durante a apresentação do programa de Natal. Com a particularidade do seu antigo proprietário, António Batalha, ser o autor de algumas coleções de pintura ainda guardadas em casa de algumas famílias de viseenses. “Pintava extraordinariamente bem”, recorda Fernando Ruas, que associa as recordações da Foto Batalha às de outros dois estúdios fotográficos que também fizeram história em Viseu: a Foto Ayres e a Foto Germano.
“Há naquele espaço (Foto Batalha), um conjunto de instrumentos, desde as antigas máquinas de fotografar até ao piano ainda ali instalado, que vamos aproveitar para um futuro espaço museológico, a enquadrar depois com aquilo que pretendemos venha a ser mais um ponto de encontro da cidade, como um café-concerto. Queremos dar-lhe vida, e o aproveitamento poderá mesmo passar por aí”, explicou o autarca.
António Batalha nasceu em 10 de Setembro de 1911, em Almeida (distrito da Guarda), pouco depois a família mudou-se para Viseu onde o seu pai, Joaquim Monteiro Batalha, fundou a Fotografia Batalha, em 1912.
“Pintor autodidacta, António Batalha teve o seu ateliê na rua Direita, em Viseu, e destacou-se essencialmente na pintura de retratos, apesar de também ter dado especial relevo à paisagem, na qual tanto assume a ruralidade regional, como o cosmopolitismo das cidades que visita”, lê-se na página da internet do Município.
“António Batalha trabalhou também como fotógrafo em Lisboa e no Porto, antes de se fixar em Viseu, onde deu continuidade à Fotografia Batalha. Participou em inúmeras exposições, individuais e colectivas, tendo recebido, em 1957, o 3.º prémio da Sociedade Nacional de Belas Artes”, acrescenta a Autarquia.