Reclusos cultivam flor de cardo que garante qualidade do Queijo Serra da Estrela

Fevereiro 15, 2017 | Sociedade

Os reclusos da cadeia de Campo estão “presos” à flor de cardo, planta a cujo tratamento dedicam todo o seu empenho e saberes adquiridos. O projecto está a galvanizar a comunidade prisional, orgulhosa por, através do contributo dado à cultura da flor de cardo, estar a contribuir em larga medida para a manutenção e preservação da qualidade do queijo Serra da Estrela.

O Estabelecimento Prisional de São José, no Campo (Viseu), é uma das entidades parceiras do projecto CARDOP desenvolvido pela Escola Superior Agrária (ESAV) em consórcio com o Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra e Centro Regional da Universidade Católica. Dois centros de investigação de referência nos estudos científicos do Cardo (Cynara cardunculus L.), uma espécie utilizada na produção do queijo DOP «Serra da Estrela».

Desde a sua apresentação, em 2010, o projecto tem vindo a estabelecer parcerias com instituições de índole científica, cultural e cultural da região envolvente, visando estudar e conhecer melhor a flor de cardo, enquanto ingrediente obrigatório na produção do Queijo Serra da Estrela.

Sete anos depois, com mais de cinco mil plantas em cerca de uma dezena de campos, os promotores do projecto, parceiros e produtores, têm hoje um conhecimento “mais abalizado” da flor de cardo, e da importância desta espécie, de “qualidade irrepreensível”, que é já fornecida a algumas das queijarias de referência da região. Como aconteceu recentemente numa cerimónia pública realizada no Estabelecimento Prisional do Campo, estabelecido em 2013 como local experimental. “É um dos campos que mais orgulha este projecto, sendo atualmente uma referência na região e no país”, sublinha Paulo Barracosa, docente da ESAV.

Neste estabelecimento encontra-se uma selecção de recursos genéticos de cardo, que representa “não apenas um repositório, mas um potencial de futuro que irá assegurar a prossecução da utilização da flor de cardo como elemento diferenciador e exclusivo na produção do Queijo Serra da Estrela”, acrescenta o mesmo docente.

O conceito, criado originalmente com a visão estratégica do à data director, Miguel Alves, e o planeamento agrícola do engenheiro Nuno Pestana, formado na Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV), tornou-se uma realidade através da vontade dos próprios reclusos, que têm colaborado de “forma ativa e inexcedível” no cultivo da flor do cardo, como tem sido reconhecido por alguns produtores do Queijo Serra da Estrela.

 

 

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